A produção científica sobre o acompanhamento terapêutico no brasil de 1960 a 2003

uma análise crítica

Cristiane Helena Dias Simões

A produção científica sobre o acompanhamento terapêutico no brasil de 1960 a 2003

uma análise crítica

Cristiane Helena Dias Simões

Publicado em: 27 de maio de 2023

Modificado em: 27/05/2023

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Publicado em: 27 de maio de 2023

Modificado em: 27/05/2023

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Resumo

Este é um estudo bibliográfico que analisa as produções científicas referentes ao tema acompanhamento terapêutico, a partir de 1960 até 2003, com o objetivo de identificar os temas emergentes dessa produção e estabelecer o que é o acompanhamento terapêutico para os agentes dessa prática. Conforme os autores analisados, as iniciativas de reformas psiquiátricas ocorridas no país possibilitaram o surgimento do acompanhamento terapêutico. Desta forma, a prática do acompanhamento terapêutico foi introduzida no Brasil a partir de 1960 como atribuição do atendente psiquiátrico, auxiliar psiquiátrico, amigo qualificado, e a partir dos anos 80 esta prática foi designada como acompanhamento terapêutico. Realizou-se uma análise crítica da produção científica sobre o tema acompanhamento terapêutico e com a seleção de cinco temas emergentes. A análise da produção teórica sobre o acompanhamento terapêutico evidencia uma preocupação dos autores em estabelecer as funções e os objetivos que marcaram a especificidade das práticas do atendente psiquiátrico e auxiliar psiquiátrico, cujo trabalho era acompanhar o paciente em seu cotidiano, enquanto os autores que abordam a prática do acompanhamento terapêutico estão implicados em formular definições acerca do que é o este trabalho atrelado a uma abordagem teórica. Referente ao tema a quem se destina o acompanhamento terapêutico, os autores afirmam que a prática do atendente e do auxiliar psiquiátrico eram composta por psicóticos adultos, que estavam em regime de internação. Em relação à prática do acompanhamento terapêutico, os autores analisados afirmam que foi uma prática voltada para os pacientes psicóticos adultos, mas que rapidamente abrangeu crianças, adolescentes e idosos e outros diagnósticos. As características do profissional que assumiu a função do acompanhante terapêutico foram mudando em cada período, já que os autores analisados apontam que para ser atendente psiquiátrico ou auxiliar psiquiátrico não era necessário ter formação na área psicanalítica. Em relação ao perfil do acompanhante terapêutico, os autores apontam que a maioria possui formação em Psicologia e destacam a teoria psicanalítica como embasamento para a compreensão e intervenção no caso. A partir da análise referente às características das práticas do atendente psiquiátrico, do auxiliar psiquiátrico e do amigo qualificado, os autores analisados apontam que a principal característica era de uma intervenção realizada em um ambiente externo à instituição; as características que marcam o acompanhamento terapêutico são: setting ampliado, diálogo com a família do paciente e trabalho em equipe. No acompanhamento terapêutico a clínica xv pode ser realizada em diferentes concepções teóricas e/ ou clínicas que fundamentam a intervenção do acompanhante terapêutico. Sobre a fundamentação teórica do trabalho de acompanhamento terapêutico encontramos duas visões, uma, que é a maioria, os autores se embasam na teoria psicanalítica, e a outra, os autores consideram que é preciso se fundamentar em diversos campos de saberes para conseguir esta teorização.

Palavras-chave

Saúde Mental; Assistência psiquiátrica hospitalar; Enfermagem psiquiátrica; Psicologia; Psicoses

Abstract

This is a bibliographic research that analyses the scientific writing about the theme therapeutic accompaniment from 1960 until 2003. The objective of this study is to identify the emerging themes in this writing and establish what the therapeutic accompaniment is according to the agents of this practice. According to the authors researched, the changes in psychiatric assistance model in Brazil allowed the emergence of the therapeutic accompaniment approach. Hence, the therapeutic accompaniment approach was brought in Brazil from 1960 named as psychiatric attendant, psychiatric assistant, or qualified friend. In the 80s this practice was finally defined and named as therapeutic accompanist. In this research, it is made a critical analysis of the scientific writing about the theme “therapeutic accompaniment” and selected five thematic categories. This analysis showed that the authors established objectives and actions that marked the psychiatric attendant and the psychiatric assistant’s practices, whose work was to accompany the patient in his/her daily life. In contrast, the authors that describe the therapeutic accompaniment are involved in making definitions about this practice connected to a theoretical approach. About the theme “to whom the therapeutic accompaniment is meant”, the authors state that the psychiatric attendant and the psychiatric assistant’s practice was applied to the in-patient adult psychotic patients. However, the therapeutic accompaniment was applied to the psychotic patients, but was rapidly used also to other patients, such as children, teenagers or elders who could get some benefit from this practice. The characteristics of the professional who took on the function of therapeutic accompanist have been changing. In the beginning, the authors observed that it was not necessary to have a psychoanalytical background to be a therapeutic accompanist. About the therapeutic accompanist profile, authors point that, nowadays, the majority has a Psychology background and the psychoanalytical theory is the base for comprehension and intervention in case studies. The main characteristic of the therapeutic accompaniment practice, as pointed out by the authors, is that it is carried out outdoors. The main characteristics of the therapeutic accompaniment are: a larger setting; the dialogue with the family and teamwork. The therapeutic accompaniment clinic can be undergone according to different backgrounds and theories that give basis to the intervention of the therapeutic accompanist. Authors point that the psychoanalytical theory is the most used theoretical background in this area. Still, there are two points of view about the theoretical background for the therapeutic accompaniment: the first one - which is Abstract xix followed by most of the accompanists – is based on the psychoanalytical theory; and the other approach is used by the authors who consider that it is need to be based on different knowledge fields to deal with this practice.

Keywords

Mental Health; Hospitable psychiatric assistance; Psychiatric nursing; Psychology; Psychoses

Universidade Estadual de Campinas, São Paulo, 2005

Disponível em: https://siteat.files.wordpress.com/2011/12/cristiane.pdf