Perspectivas fenomenológicas em atendimentos clínicos
humanologia
Resumo
A partir de estudos de caso busca-se compreender a relação intersubjetiva na psicologia clínica por meio de três escolas da fenomenologia: a psicopatologia fenômeno-estrutural de Eugene Minkowski, a fenomenologia de Edith Stein, e a fenomenologia da vida de Michel Henry. As três modalidades clínicas apresentadas: acompanhamento terapêutico e psicoterapia, são refletidas e reposicionadas por essas vertentes fenomenológicas. o objetivo deste estudo é mostrar as potencialidades do estudo do humano em psicologia clínica, o que denomino humanologia. Observamos que o ateliê de desenho revela, no momento da verbalização, os segredos não revelados pelas imagens, indo de encontro a fundamentos da criação e de facetas essenciais que o paciente busca comunicar por esse meio plástico e verbal; no acompanhamento terapêutico há a possibilidade de uma relação humana em movimento, próximo a vida como ela é e se apresenta, de modo que o acompanhante terapêutico observa e se relaciona no real e não no imaginário, mas no campo da afetividade. Na psicologia captamos a essência do sentido de existência, a potencialidade comunitária que pode ser desenvolvida na relação terapêutica, de modo que não mais nos dirigimos ao psíquico, mas ao humano. Assim, observamos que tanto no trabalho em grupo, nas ruas e na psicoterapia tradicional a relação humana se revela em primeiro plano e está na base de sua própria evolução. O encontro entre psicologia clínica e a fenomenologia pode contribuir com rico embasamento metodológico interdisciplinar, entre uma ciência qualitativa e prática e uma ciência eidética e teórica, de modo que ambas se enriquecem mutuamente.
Palavras-chave
Afetividade; Fenomenologia; Intersubjetividade; Psicologia clínica
Abstract
Using case studies, the aim is to understand the intersubjective relationship in clinical psychology through three schools phenomenology: Eugene Minkowski's phenomenon-structural psychopathology, Edith Stein's phenomenology, and Michel Henry's phenomenology of life. The three clinical modalities presented: therapeutic monitoring and psychotherapy, are reflected upon and repositioned by these phenomenological aspects. the objective of this study is to show the potential of the study of the human in clinical psychology, what I call humanology. We observed that the drawing studio reveals, at the moment of verbalization, the secrets not revealed by the images, going against the fundamentals of creation and essential facets that the patient seeks to communicate through this plastic and verbal means; in therapeutic accompaniment there is the possibility of a human relationship in motion, close to life as it is and presents itself, so that the therapeutic companion observes and relates in the real and not in the imaginary, but in the field of affectivity. In psychology we capture the essence of the sense of existence, the community potential that can be developed in the therapeutic relationship, so that we no longer address the psychic, but the human. Thus, we observe that both in group work, in the streets and in traditional psychotherapy, the human relationship is revealed in the foreground and is at the basis of its own evolution. The encounter between clinical psychology and phenomenology can contribute with a rich interdisciplinary methodological basis, between a qualitative and practical science and an eidetic and theoretical science, so that both enrich each other.
Keywords
Affectivity; Phenomenology; Intersubjectivity; Clinical psychology
Instituto de Psicologia da USP, 2012
Disponível em: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/livredocencia/47/tde-02072013-091902/publico/antunez_ld.pdf