Acompanhamento terapêutico, clínica e atenção psicossocial: uma relação possível?
Reflexão crítica segundo a hermenêutica dialética de Jügen Habermas
Resumo
A reflexão sobre como se organiza a oferta terapêutica nos serviços extra- hospitalares da rede pública de saúde mental têm mostrado que a organização do trabalho coloca o saber médico-psicológico como componente privilegiado dos programas terapêuticos, impõe uma cisão teorico-pratica entre o tratamento clínico e as estratégias de reabilitação psicossocial, e elegem os primeiros como dispositivo central de seus programas, em detrimento das ações psicossociais. Á luz da Teoria de Ação Comunicativa de Jurgen Habermas situa-se o problema como consequência de extrema tecnificação das práticas terapêuticas, selecionadas, ideologicamente, segundo uma racionalidade instrumental, na qual na qual as práticas respondem a imperativos técnicos, ignorando o elemento humano e social, provocando uma dicotomização entre a clínica e a atenção psicossocial, como fossem práticas dissociadas nos projetos terapêuticos. Aponta-se para a prática do Acompanhamento Terapêutico como possibilidade concreta dessas esferas da ação dissociadas e de superação da dicotomização entre clínica e atenção psicossocial.
Palavras-chave
Acompanhamento terapêutico; Serviços de saúde mental; Saúde mental; Reabilitação; Clínica
Abstract
The reflection on how the therapeutic offer is organized in the extra-hospital services of the public mental health network have shown that the organization of workplaces medical-psychological knowledge as a privileged component of therapeutic programs, imposes a theoric-practical division between clinical treatment and psychosocial rehabilitation strategies, and elects the former as a central device of their programs, to the detriment of psychosocial actions. In the light of Jurgen Habermas' Theory of Communicative Action, the problem is situated as a consequence of extreme technicality of therapeutic practices, ideologically selected according to an instrumental rationality, in which practices respond to technical imperatives, ignoring the human and social element, causing a dichotomization between the clinic and psychosocial care, as they were dissociated practices in therapeutic projects. The practice of Therapeutic Accompaniment is pointed out as a concrete possibility of these dissociated spheres of action and of overcoming the dichotomization between clinic and psychosocial care.
Keywords
Therapeutic follow-up; Mental health services; Mental health; Rehabilitation; Clinical
Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto 2013
Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/psoc/v25nspe2/v25nspe2a11.pdf