A clínica no espaço público

vivência de atores envolvidos no processo de acompanhamento terapêutico (AT)

Simone Pantaleão Macedo

A clínica no espaço público

vivência de atores envolvidos no processo de acompanhamento terapêutico (AT)

Simone Pantaleão Macedo

Publicado em: 27 de May de 2023

Modificado em: 27/05/2023

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Publicado em: 27 de May de 2023

Modificado em: 27/05/2023

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Resumo

A literatura em Acompanhamento Terapêutico (AT) demonstra crescente número de estudos sobre as diversas variáveis que caracterizam esta modalidade clínica, revelando pouca exploração da natureza da participação dos acompanhados e dos familiares neste processo. O objetivo deste trabalho foi descrever e analisar cinco casos atendidos na modalidade do AT, identificando vivências, funções desempenhadas pelos acompanhantes terapêuticos (ats) e resultados do processo por meio do discurso desses sujeitos. Em cada caso, foram realizadas entrevistas gravadas e posteriormente transcritas com os participantes de cada processo de AT: ats, acompanhados e familiares. As entrevistas foram analisadas e os dados foram categorizados, de acordo com a técnica de análise de conteúdo de Bardin. Os resultados foram organizados segundo as categorias obtidas, analisando-se e comparando-se as vivências dos atores envolvidos no processo de AT, com base nos pressupostos da teoria psicanalítica. As vivências dos pacientes apontam para o AT como um dispositivo terapêutico integrador e antisegregador, por se consolidar em um lugar de ancoragem para as mais diversas angústias, além de instrumento de valorização da subjetividade e reconstrução social. As ats trazem como vivência a preocupação quanto à constituição deste local de ancoragem, capaz de ser continente para o que nele necessita ser contido, e referenciam o espaço da supervisão e a troca grupal como ponto de ancoragem para suas próprias angústias durante o processo. A figura materna é prevalente como participante familiar nos processos de AT estudados. Os dados das vivências maternas revelaram que, se por um lado, a figura do at representou acolhimento, companheirismo e proteção, por outro lado, ela aparece como eliciadora de invasão e desconfiança. Conclui-se que o processo de AT, além de auxiliar no resgate de funções comprometidas pelo adoecimento, configurou-se como dispositivo que privilegia a força criativa transformadora que habita o ser em desenvolvimento. O discurso das ats também revelou esta prática clínica como um terreno fértil para o desenvolvimento profissional e a transformação pessoal. O AT, neste estudo, mostrou-se como um dispositivo voltado para a singularidade da pessoa e psicossocialmente relevante para a prática de uma clínica antimanicomial.

Palavras-chave

Acompanhamento terapêutico (AT); Análise de conteúdo de Bardin; Psicodinâmica; Psicanálise; Saúde

Abstract

The literature on Therapeutic Accompaniment (TA) shows an increasing number of studies about the several variables which characterize this clinic modality, revealing little exploration of the nature of the participation of the accompanied ones and their families in this process. The objective of this work was to describe and analyze five cases attended in this modality of the TA, identifying experiences, functions performed by the therapeutic companions (TCs) and results of the process by means of these individuals´ speeches. In each case, recorded interviews were done and they were later transcribed with the participants of each process of TA: companions, accompanied ones and family. The interviews were analyzed and the data were categorized according to Bardin´s content analysis technique. The results were organized according to the categories obtained, analyzing and comparing the experiences of the actors involved in the TA process, based on the psychoanalytic theory assumptions. The patients´ experiences indicate TA as a therapeutic, integrator and anti-segregating device, because it consolidates in a place of anchorage for various agonies, besides being instrument of subjectivity appreciation and social reconstruction. The companions bring as experience the worry about the constitution of the place of anchorage, able to be continent to what needs to be kept in it, and cite the supervision space and the group exchange as an anchorage spot for their own agonies during the process. The mother figure is prevalent as a family participant in the TA processes studied. The data of maternal experiences revealed that, if on one hand, the companion figure represented reception, companionship and protection, on the other hand, it appears as invasion and distrust eliciting. It was concluded that the TA process, in addition to assisting the rescue of the functions affected by the illness, was set as a device which privileges the transforming creative force which lives in the developing being. The companions’ speeches also revealed this clinic practice as a fertile land for the professional development and the personal transformation. The TA, in this study, was shown as a device facing the person´s singularity and psycho-socially relevant to the practice of an anti-asylum clinic.

Keywords

Therapeutic accompaniment (TA); Bardin´s content analysis; Psychodynamic; Psychoanalysis; Health

Universidade Estadual Paulista Júlio De Mesquita Filho, Campus de Bauru, Programa de Pós-Graduação em Psicologia, 2011

Disponível em: https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/97493/macedo_sp_me_bauru.pdf?sequence=1&isAllowed=y