A clínica do acompanhamento terapêutico na internação psiquiátrica

uma questão de detalhes

Luiza Medina Tavares

A clínica do acompanhamento terapêutico na internação psiquiátrica

uma questão de detalhes

Luiza Medina Tavares

Publicado em: 26 de May de 2023

Modificado em: 26/05/2023

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Publicado em: 26 de May de 2023

Modificado em: 26/05/2023

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Resumo

Esta dissertação aborda a prática do acompanhamento terapêutico (AT) num serviço de internação psiquiátrico. Pretende-se afirmar uma clínica nessa prática. Em se tratando de um trabalho numa enfermaria de crise, onde internam-se majoritariamente pacientes psicóticos em estado de crise, reconhece-se significativas diferenças ao manejo do AT. A prática do AT, situada no interior da enfermaria, esbarra com a organização institucional hospitalar, com a rotina da enfermaria e o trabalho do AT regulados pelos horários das atividades diárias; com a primazia do saber psiquiátrico; com a dura dicotomia entre o bem e o mal que muitas vezes aparece nas condutas e falas da equipe. Este funcionamento institucional marcado pela hierarquia de poder e de saber, com definidas regras de rotina, tende a aniquilar as diferenças dos sujeitos e tornar as suas singularidades invisíveis. O acompanhante terapêutico (at), atravessado pela psicanálise, tenta fazer furos nessa regulação institucional, no saber psiquiátrico, nos ideais e valores sobre o bem e o mal, sobre o correto e o errado e nas regras invisíveis da moralidade que se reproduzem no hospital psiquiátrico. O at tenta fazer esses furos, essas descontinuidades quando acolhe a fala do psicótico, sem partir de uma verdade sobre ele ou sobre aquilo do que ele sofre. A escuta analítica se coloca como fundamental para o trabalho clínico do at, quando este busca fazer desvios no funcionamento institucional e nas diversas atribuições a cumprir na enfermaria. Recorre-se brevemente ao processo histórico de tratamento a loucura, passando pela reforma psiquiátrica até o surgimento do AT. Faz-se necessário percorrer as formulações teóricas de S. Freud e J. Lacan sobre as psicoses, bem como o conceito de sujeito, pensando o AT e sua função clínica de acompanhar o sujeito e seus detalhes. Discute-se a questão da transferência na psicose a partir de um caso clínico, ressaltando a função de secretário de alienado.

Palavras-chave

Acompanhamento Terapêutico; Internação Psiquiátrica; Psicanálise; Psicoses; Sujeito; Transferência na Psicose; Secretário do Alienado

Abstract

This research aims to address the practice of therapeutic accompaniment (TA) within a psychiatric hospitalization service. It is intent on affirming a clinic in this practice. When it comes to the psychoanalytic work at an infirmary of crisis filled with psychotic patients at a critical condition, significant differences concerning TA intervention must be taken into consideration. TA practice, found within the ward, comes across various barriers: the hospital institutional organization, the routine of the infirmary and TA practice regulated by schedules of daily activities; the primacy of psychiatric care; the dichotomy of good and evil that often appears in the team’s behavior and discourse. Such an institutional operation marked by the hierarchy of power and knowledge, filled with defined routinely rules, tends to annihilate the differences of the subject, therefore making their singularities invisible. The therapeutic accompaniment (ta), affected by psychoanalysis, tries to bear loopholes within this institutional setting, within the psychiatric knowledge, within ideals and values of good and evil, of right and wrong and within invisible rules of morality that thrive in the mental hospital. “Ta” attempts to bear these loopholes, these discontinuities while giving psychotic patients some possible holding, without bearing in mind a truth about them or about what makes them suffer. Psychoanalytic listening proves paramount to the clinical work performed by the “at”, in his pursuit to make deviations in the institutional functioning and in the various tasks expected to be accomplished. The historical process involving treating madness is delved into, ranging from psychiatric reform to the emergence of the AT. S.Freud's and J. Lacan's theoretical formulations upon psychosis , as well as the concept of the subject, have been used as reference in order to investigate TA practice and its clinical function while accompanying the patients and their details. Transference in psychosis was discussed through the analysis of a clinical case study, emphasizing the role of the secretary of the alienated subject.

Keywords

Therapeutic Accompaniment; Psychiatric Hospitalization; Psychoanalysis; Psychoses; Subject; Transference in Psychosis; Secretary of the Alienated

Universidade Estadual do Rio de Janeiro, 2014

Disponível em: http://www.bdtd.uerj.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=8294