A atuação do acompanhante terapêutico no processo de inclusão escolar
Resumo
Essa dissertação investiga o trabalho do acompanhante terapêutico na inclusão escolar de crianças com deficiência. O acompanhamento terapêutico é uma modalidade de atendimento individualizado e intensivo de pessoas com necessidades específicas, em seus ambientes naturais, como casa, escola ou trabalho. Não obstante, o trabalho desse profissional, que muitas vezes é chamado também de ‗estagiário de inclusão‘, em ambiente escolar tem gerado opiniões controversas na literatura. Devido a essas controvérsias e à indefinição dos papéis desse profissional na escola, delineamos o objetivo que norteou a pesquisa aqui relatada: compreender a atuação de acompanhantes terapêuticos no processo de inclusão escolar de crianças com necessidades específicas, a partir do entendimento de sua função mediadora. Tal função mediadora tem seu ponto de partida na teoria de Vigotski, que utilizamos como base para articular os achados da pesquisa. Utilizamos também, como base teórica complementar à discussão dessa pesquisa, traçados críticos, de autores contemporâneos, sobre a deficiência e a inclusão escolar. Como ferramentas metodológicas, adotamos um estudo de caso de caráter etnográfico numa sala de aula com acompanhante terapêutica, localizada em uma escola particular de Fortaleza. Elegemos interações e a dividimos em categorias teóricas interação, mediação, produções de sentido lógicas de ação e binômio inclusão/ exclusão) e categorias empíricas, ligadas às interações específicas do acompanhante terapêutico com a criança em processo de inclusão, com outras crianças, com o professor e com a família da criança. Observamos que o acompanhamento terapêutico tem condições de mediar processos de inclusão voltados para o social e para o conteúdo da criança quando atua em articulação com o professor e as crianças da sala, sem isolar a criança. Quando o acompanhante terapêutico volta-se apenas à criança em processo de inclusão, provavelmente a torna dependente e alheia aos processos em sala de aula, o que é muito provável de ocorrer. Concluímos que o acompanhante terapêutico, na sala de aula, muitas vezes aparece como um sintoma da escola, que não possui solução para sua obrigação legal de realizar uma educação para todos e que, portanto, não vê que o processo de inclusão não ocorre isolado da sua dialética exclusionista.
Palavras-chave
Acompanhamento terapêutico; Inclusão educacional; Mediação
Abstract
This dissertation investigates the therapeutic accompaniment on inclusion of children with disabilities. The accompaniment is a therapeutic modality that takes intensive individualized care for people with special needs in their natural environments, such as home, school or work. Nevertheless, this professional, which is often also called 'inclusion trainee' in the school environment has generated controversial opinions in literature. Due to these controversies and the undefined role of this professional in school, the research´s goal was defined as: understanding the mediating role of therapeutic accompaniment in the inclusion process of children with special needs. This mediating function has its starting point in the theory of Vygotsky, that we use as a basis for connecting all research findings. We also used as a basis to complement the theoretical discussion of this research, critical papers of contemporary authors on disability and inclusive education. As methodological tools, we adopted a case study of a classroom with therapeuthic accompaniment, in a private school located in Fortaleza. We elected interactions and divided them into theoretical categories (interaction, mediation, productions logical sense of action and inclusion / exclusion) and empirical categories, linked to specific interactions involving the therapeutic companion, the child, other children, the teacher and the child's family. We observed that the therapeutic accompaniment is able to mediate processes of inclusion when the child acts in conjunction with the teacher and the children's room, without isolating the child. When the therapeuthic companion relates only to the child in inclusion process, that child is likely to become dependent and unrelated to the processes in the classroom. We concluded that therapeutic accompaniment in the classrooms often appears as a symptom of the school, which has no solution to their legal obligation to perform an education for all and therefore cannot not see that the inclusion process is not isolated from a dialectic exclusionism.
Keywords
Therapeutic monitoring; Educational inclusion; Mediation
Universidade Federal do Ceará, Centro de Humanidades, Departamento de Psicologia, Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Fortaleza, 2012.
Disponível em: http://www.repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/6815/1/2012-DIS-NBARARIPE.pdf